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Primeira e última viagem ao Chile: viúva se emociona com a despedida em família e a trajetória do marido, vítima de embolia pulmonar

Família de Bertioga (SP) voltou do Chile no dia 31 de julho Redes sociais O destino da primeira viagem do casal Claus Costa Pusch, de 39 anos, e Yandra Kalçow...


Primeira e última viagem ao Chile: viúva se emociona com a despedida em família e a trajetória do marido, vítima de embolia pulmonar
Primeira e última viagem ao Chile: viúva se emociona com a despedida em família e a trajetória do marido, vítima de embolia pulmonar (Foto: Reprodução)

Família de Bertioga (SP) voltou do Chile no dia 31 de julho Redes sociais O destino da primeira viagem do casal Claus Costa Pusch, de 39 anos, e Yandra Kalçowisk, de 34, foi também o último: o Chile. Juntos desde que ela tinha 17 e ele 23, eles embarcaram pela primeira vez com a filha mais velha ainda bebê, com apenas 11 meses. Anos depois, voltaram ao mesmo país, agora acompanhados das duas filhas, para reviver memórias e criar novas. Dias após o retorno ao Brasil, porém, Claus morreu por complicações cardíacas decorrentes de uma embolia pulmonar, causada por uma trombose venosa profunda (TVP) na perna — provavelmente desenvolvida durante o voo. "Isso para mim pegou muito, de ser a primeira e a última. A gente ter feito tantas coisas que não fizemos na primeira, como se tivesse sido um ciclo, com começo, meio e fim. Foi muito bonita a trajetória dele, não tem muito o que falar", disse Yandra. Dono de uma imobiliária, Claus era considerado saudável e não apresentou sintomas graves antes do desmaio que o levou ao hospital. A embolia foi descoberta após exames em São Paulo, onde ele foi internado na UTI e morreu dias depois. A história ganhou repercussão pela forma súbita e pela conexão com a viagem internacional. A TVP é uma doença em que um coágulo de sangue surge em uma veia profunda e, segundo o cirurgião vascular Marcello Romiti, pode atingir qualquer pessoa dentro de uma aeronave, independente se ela possui ou não outros problemas de saúde (entenda mais abaixo). Primeiras vezes Claus Costa deixou a esposa e duas filhas, de 8 e 13 anos Redes sociais Yandra contou que, na primeira vez, o casal ainda era jovem e enfrentava inseguranças. “A primeira que a gente foi, a gente era muito novo e cheio de medo. A gente não tinha a segurança financeira que tinha agora. Nessa última, a gente fez coisas que não tínhamos feito na primeira. E já com a minha segunda filha.” Durante a viagem, segundo ela, Claus fez questão de incluir a filha mais nova, de 8 anos, em um momento simbólico. “Ele até falou para ela: ‘Esse lugar foi o único lugar que a gente foi que você não tinha ido. Agora sim, você já foi para todos os lugares que a gente já foi’". O casal viajou com a filha mais nova e a mais velha, de 13 anos, no fim de julho, tendo retornado ao Brasil no dia 31 do mesmo mês. “Ele estava ótimo”, relembrou a mulher. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Primeiros sintomas e internação Yandra contou que Claus sentiu um desconforto na perna após a viagem, mas achou que era apenas dor muscular. Na quarta-feira (6), ele acordou indisposto e com falta de ar, mas seguiu trabalhando normalmente, dizendo que se sentia melhor quando estava sentado. No dia seguinte, jogou futebol como de costume, mas desmaiou durante a partida. Foi ao pronto-socorro em Bertioga, fez um eletrocardiograma e voltou para casa, sem diagnóstico preocupante. Mesmo pálido e com mal-estar, passou a noite com a esposa e decidiu procurar atendimento especializado em São Paulo no dia seguinte. Claus foi dirigindo até São Paulo com a esposa, onde descobriu que tinha uma trombose na perna e que o coágulo havia se deslocado para o pulmão, causando uma embolia pulmonar. Foi internado na UTI, com o coração em sofrimento, segundo Yandra. Claus Costa Pusch e Yandra Kalçowisk estavam juntos há mais de 17 anos Redes sociais Apesar da gravidade, ele seguia consciente, sem respirador, conversando e fazendo chamadas de vídeo com amigos e clientes. Yandra permaneceu ao lado do marido durante toda a internação, já que a UTI permitia acompanhantes. Na madrugada de segunda-feira (11), Claus piorou repentinamente. A viúva contou que os médicos tentaram reanimá-lo com 17 ampolas de adrenalina, mas ele não resistiu. “Foi uma coisa muito complicada, mas ele lutou muito”, lamentou. Viagens em família Ao g1, Yandra contou que o marido sempre gostou de viajar. Apesar disso, as viagens da família se intensificaram desde 2020, quando ela se curou de um câncer. Segundo ela, o casal passou a valorizar os momentos saudáveis. “Como ele tinha muito medo de me perder, ele aproveitou a vida. Escolhia as viagens, emendava uma viagem na outra [...] A gente viveu 100 anos em cinco”, disse Yandra. De acordo com ela, o empresário sempre dizia que a vida era curta e, por isso, deveria ser vivida intensamente. “Falava que viagem era investimento”, explicou a mulher. Legado Claus morreu aos 39 anos, dias após voltar de uma viagem ao Chile Redes sociais De acordo com Yandra, o empresário deixou diversas memórias boas para a família e amigos, pois era muito querido na cidade. Apesar disso, o maior legado deixado por ele foi a vontade de viver. “O que é mais marca era a vontade que ele tinha de viajar e de conhecer o mundo e ser rápido. [...] Ele falava que a vida era muito curta e acreditava que as pessoas tinham que aproveitar e viajar com a família, ter memórias com a família”, afirmou. Segundo a viúva, o homem deixou uma legião de amigos por todo o mundo, pois fazia amizades nas viagens. “Ele era intenso em todos os lugares, muito brincalhão. [...] Fazia piada com todo mundo", finalizou. TVP Ao g1, o cirurgião vascular e presidente do Grupo AngioCorpore, Marcello Romiti, informou que qualquer pessoa saudável pode desenvolver TVP em uma viagem de avião por conta da má circulação sanguínea. “A posição que fica, mais a pressão da cabine e a imobilidade do membro pode fazer aparecer um coágulo”, explicou o profissional, dizendo que o coágulo pode migrar para o pulmão. Segundo o cirurgião, o fato de Claus já ter feito várias viagens longas de avião mostra que ele, provavelmente, também não tinha um fator pré-existente. “Qualquer pessoa, mesmo que não tenha nenhum antecedente de patologia vascular, pode desenvolver uma trombose venosa numa viagem de longa distância”, afirmou. Para Romiti, a prevenção é extremamente importante. Por isso, ele recomendou que pessoas que viajam de avião usem meias específicas. “Acho que é obrigatório uma consulta com o cirurgião vascular para uma avaliação do sistema venoso e a prescrição da meia elástica”, finalizou. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos